quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Isso foi tão 2009...


Este blog se despede com a promessa de voltar a ser atualizado em 2010. Ano novo, com novidades medianas e grandes "mais do mesmo". Então, feliz ano novo e aproveitem! Afinal, a ressaca dura 364 dias. Assim, eu e 2009 dizemos: "Fomos!"

sábado, 12 de dezembro de 2009

Mais do mesmo, ligeiramente diferente

Pois é, a sessão "Chutando cachorro morto" segue firme e forte. Agora, com uma outra versão do mesmo clip de ontem, estrelado pelos atores Zooey Deschanel e Joseph Gordon-Levitt. O diretor é Marc Webb, o mesmo de "500 dias com ela", em que o casal estrelou.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Para não dizer que nada postei...

... digo que preciso me programar com mais antecedência.

Um clip, como presente de consolação. A garota é a atriz Zooey Deschanel, encarnando de vez sua personagem em "500 dias com ela" ou "A história de qualquer cara que já levou um passa fora"


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Salve-se quem puder 1



A Conferência de Copenhague está indo... Para algum lugar, mas está indo. Apesar de prognósticos mais desastrosos que o filme "2012" (entenda como quiser) e do super-herói midiático Barack Obama, a reunião dos países ricos e influentes (Brasil como emergente, também conhecido como "quase-quase") parece que terá o mesmo melancólico final que o encontro em Kyoto. Considerando o fator de um aumento muito próvavel de 2o. C na temperatura para as próximas décadas, era esperado um atitude um pouco mais pró-ativa e menos especulativa. Para quem mora no Rio de Janeiro, então, resta uma revolta digna da torcida alvi-verde. Então, já que, aparentemente, o Protocolo de Kyoto não sofrerá alterações suficientes para adiarmos o desastre por mais alguns aninhos, alguém precisa tomar uma atitude. Alguém como um jornalista freelancer de 26 anos, que ainda mora com os pais e tem problemas de coluna. Alguém como... EU!


Então, aqui, lhes ofereço, minhas sugestões para enfrentar o aquecimento global de cabeça erguida (para o suor não cair nos seus olhos):

- A Floresta Amazônica e outras matas sofrem há anos com o desmatamento. Um dos principais motivos seria para a plantação de pasto para o gado. Então, quando vamos comer uma bela picanha, estamos, indiretamente, comendo nossa biodiversidade e esperança de que o sol não nos derreta de uma vez por todas! Como poderemos passar vergonha na churrascaria como toda essa culpa? Além do mais, os gases que as vacas soltam, tanto pela boca quanto pelo... bem, você sabe, são elementos que contribuem no acumulo na atmosfera. (acho que se chama gás butano...) O que fazer? Simples! É só seguir três etapas:


Primeiro: eliminação de gases.

Coloque uma rola bem no... você-sabe-o-que da vaca e do boi. Isso deve garantir uns 50% a menos de carbono na nossa sobrecarregada atmosfera. Mas eles ainda vão ficar com a boca aberta... Máscaras! Coloque uma máscara de oxigênio em cada animal (uma máscara como aquela de pilotos de aviões de guerra nos anos 40) e pronto.


Segundo: nossa fauna e flora. Sem flora, não há fauna. E sem fauna, não há animais que podemos matar para comer. No entanto, o gado precisa de pasto, que precisa de terreno onde a flora convenientemente se encontra, para crescer. A solução está nos filmes. Se lembra de "Matrix", quando as máquinas cultivavam humanos para sugar a energia de seus corpos? Isso mesmo. No lugar de queimadas que levam tempo (afinal, o suborno para os funcionários de fronteira de certos governamentais não são feitos da noite para o dia. Isso é a queima de arquivos!),


vamos colocar o gado do mundo inteiro em coma,

alimentá-los através de máquinas (mas vamos evitar o método foie gras, que é crueldade até para mim) e, assim, comermos um belo churrasco sem risco de aumentar a pegada ambiental. E o melhor de tudo é que a carne virá tenra, pois vaca em coma, que eu saiba, não desenvolve músculo!

- Infelizmente, os fenômenos climáticos repercutirão de maneira brutal na vida de algumas pessoas. Fala-se desde fluxões migratórios como, por exemplo, em algumas regiões da África. Também há a possibilidade de o aumento no volume de água no mar, devido ao derretimento da calotas, provocar inundações e ameaçar cidades costeiras (seria uma boa desculpa para finalmente me mudar para São Paulo...). Verdade ou ficção? O tempo dirá. Mas isso não é justificativa para não fazer nada. Logo, como resolvermos dois grandes problemas numa só cajadada? Simples:

Uma enorme redoma de vidro envolvendo as metrópoles!


África Central... Eu lá quero saber de África?!? Eles e outros desfavorecidos no hierarquia global que se lixem! Com as redomas, auxiliadas por um sistema de ventilação, as grandes cidades que tiveram a infelicidade de serem portuárias poderão resistir ao avanço de pragas pré-programadas: os mares e os migrantes! Quem sabe eles até não criem uma comunidade aquática, como em "Waterworld"? Afinal, a limitação de recursos geralmente traz à tona a criatividade do homem.

- O Japão e os EUA são considerados os maiores consumidores do planeta. Também são os grandes desperdiçadores. A quantidade de produtos descartados pelo simples fato de terem 5 anos de uso (uma idade ainda mais cruel do que a canina) é surpreendente e não ajuda o planeta a dar conta corretamente do processo de decomposição. Por outro lado, Japão e EUA são as economias que desfilam no abre-alas. São países ricos, admirados e em que todos vivem em lugares melhores que o meu mesmo sem grana. Na quarta temporada de "Desesperate Housewives", um cego e uma dondoca inútil viviam numa casa de dois andares confortavelmente.... Bom, podemos criticá-los, mas, para estarem indo tão bem na fita, talvez eles estejam fazendo algo certo. Então, vamos seguir seu exemplo!


Vamos jogar esta porcaria de planeta no lixo!


Já está velho... Já tem bilhões de anos de uso, o que deve equivaler a um celular de 7 anos! Além do mais, encontraram água em Marte. Vamos enviar engenheiros da Coca-Cola, colocar todos em naves e é isso! Foda-se a Terra! Que nem em "Wall-e"!


O cinema não é apenas a maior diversão, mas a verdadeira solução! - Roland Emmerich

Joe Strummer estava certo!
Now get this! London's calling...
Quer saber de onde o autor tira inspiração para estas sábias observações? Leia aqui

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um pedido de desculpas

A eficácia da proposta deste humilde espaço depende da disciplina de seu criador. Logo, resta uma retratação por um vão que nunca será recuperado. Segunda-feira não será restaurada, a não ser que eu descubra um jeito de enganar o blogspot. Por outro, o filósofo da segunda metade do século XX Garfield dizia: "Odeio segundas-feiras." Assim, devemos esquecer o que ocorreu, por conta de uma data infeliz. Por mais tentador que seja, ainda não. Ofereço a cara à tapa (não literalmente) e peço desculpas aos leitores deste blog, seja lá a dimensão em que esses habitem.
Este "incidente", senhoras e senhores, não se repetirá. Já comecei a pesquisar preços de blackberrys. Enquanto isso, um pequeno suborno. Obrigado e boa noite!


domingo, 6 de dezembro de 2009

Zenas kariokas 2


Introdução

Pego um táxi. Destino: minha casa (Copacabana) até o shopping Leblon (... Leblon).

Cena 1 – O mistério desinteressante das lésbicas flamenguistas

Espero uma mulher com a camisa do Flamengo sair do táxi. Ela não tem pressa e eu estou com medo de não chegar a tempo de pegar o shopping aberto ou intacto, já que a festa da concentração do Flamengo corria a toda por aquelas bandas. Mal fecho a porta
- Muita falta de vergonha na cara. Essa aí com a camisa do Flamengo. Tava aí com duas amigas, peguei no Baixo Gávea, as duas se pegando, de língua, agora há pouco...
- Ah, que bom... Só quero ir pro Shopping Leblon, por favor.
- Essa e as amigas...
- ... vamos pegar o Corte do Cantagalo...

Cena 2 – Carmageddon

O taxista continua discursando sobre as lésbicas. Eu faço o máximo para parecer desinteressado, mas ele insiste. É um brasileiro, não desiste e não sabe quando está sobrando.
- ... pra mim, pode fazer o que quiser. Beijar, meter na (...), tá pagando, faz o que quiser, tou pouco me (...)
Neste momento, como sempre ocorre nas ruas cariocas e em Copacabana, as pessoas atravessam fora do sinal e com os carros vindo em sua direção. Embebido apenas por sua revolta em nome dos bons costumes e a moral (eu acho), uma mulher baixa, gorda e um tanto desajeitada tenta descobrir a seu modo por que a galinha atravessou a rua. O motorista avança em cima da mulher por alguns segundos, mas o suficiente para espantar não apenas a mulher como a mim mesmo. Poderia ter sido um acidente, mas
- Essa gente atravessando a rua é um absurdo. Tudo bêbado, não vê a rua, causa acidente.
Mais a frente, um homem tenta a mesma façanha.
- Esse aí, outro. Tudo bêbado...
- É, se distrair no trânsito é algo terrível. – casualmente esperando que ele entenda a indireta.
Estou em dúvida até agora se aquelas demonstrações de psicose explícita foram involuntárias por ele estar preocupado com as lésbicas flamenguistas ou algo mais sinistro. Ainda assim, deveria ter saltado. Por que sempre penso no que deve ser feito depois do ato?

Cena 3 – Janela indiscreta

Após mais alguns resmungos, paramos no sinal perto do shopping. Um garoto, sorrateiramente, se aproxima de um carro estacionado, abre a porta e entra.
- Olha só. Esse aí entrou todo estranho no carro. Tá vendo? Se agachando e tudo... O que será que ele tá fazendo?
- Não me interessa.
O sinal abre. À medida em que o carro se aproxima, ele diminui a velocidade:
- Vamos ver o que ele tá fazendo pela janela.
- NÃO!
Ele ri. Não olho, pois temo que o motorista esteja tendo com espuma na boca há esta altura.
- Pois é, né? Melhor a gente cuidar da nossa vida, temos os nossos problemas. Não é nosso carro mesmo, né? Não importa, porque não é carro meu...
- Aqui tá o dinheiro. Boas festas.


Chego na livraria e pego o que tanto aguardava: minha edição brasileira da obra de David Foster Wallace, Breves entrevistas com homens hediondos.

Apropriado, pensei.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Confissões 6

Você percebe que precisa sair mais quando seu dia se divide entre trabalho e a quarta temporada de "Desperate Housewives".

Obs. : tenho um novo prazer culpado.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Resfriado 1

Apesar de minhas alergias e quase absoluta intolerância física a tudo a meu redor, raramente fico doente. No entanto, umas duas ou três ao ano, pego um resfriado. Ao contrário de Frank Sinatra, não há nada de mítico ou interessante quando convalesço. Além do sintomas usuais, agravados pela alergia, fico de péssimo humor, arredio, cansado e com dor de cabeça. Ou seja, a novidade é que fico com dor de cabeça, o que detesto. Não posso fumar, devido a garganta, mas, normalmente, não consigo ficar mais de um dia sem cigarro e pioro a garganta. O que me deixa mais mal humorado. Enfim, eu não gosto de ficar perto de ninguém quando estou doente e ninguém deve ficar perto de mim. Na melhor das hipóteses, você me encontrará monossilábico. Ainda assim, nada consegue me irritar mais do que a falta de energia. Sem energia, não consigo pensar direito. Sem pensar direito, não consigo ser criativo. Sem ser criativo, só fico resmungando, mas sem a parte relativamente charmosa que um resmungo precisa ter para ser socialmente aceito. Em outras palavras, você tem os posts dessa semana. Não sei ainda a quem culpar: o resfriado ou a decisão idiota de escrever um texto novo diariamente. Talvez os dois. Estou abatido. Agora, sei como Frank Sinatra se sentiu. Claro que ter duas loiras ao meu lado poderia ajudar. Mas, como o mundo insiste em cuspir na minha cara, eu não sou Frank Sinatra. E blá, blá, blá, blá, ....

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dicas 2

Se você tiver a oportunidade de visitar o Hard Rock Cafe, na Barra, Não Vá!

Detalhes a seguir. Quando não estiver mais resfriado e sedado por antibio

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ciranda


O editor não gostava do autor, que não gostava do jornalista e do editor, que também não gostava do jornalista, que não gostava do autor e do editor. O autor ficou com o editor, que manteve um caso com o jornalista, que manteve com um caso com o autor, que se envolveu com outro editor, que se envolveu com o empresário estrangeiro, que não tinha nada a ver com a história e estava de olho no catálogo.

Moral: ... e todos beberam na festa de lançamento felizes para sempre.
It's a small world after all!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Confissões 5

No interior de cada um de nós, duas forças estão em conflito... Eu sou um exemplo.
Sou um freelancer partido ao meio. Partido entre trabalho e a falta de tempo para fazê-lo.
Os duas forças batalham pela alma...
Mais especificamente, o banco. E as forças são minha dívida e meu salário.
Mas, ao final do dia, chegamos a uma conclusão razoável.
Vou fugir pro Sana e mudar meu nome para Mahatma Bahuan!

Dá-lhe, juros!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Primeiro navio vertical do mundo explorará o fundo do mar


Em algum lugar, Capitão Nemo sorri.

* * *
Cadê o p#@¨& do Nemo?

Confissões 4

Acho que o esquerdista que existia em mim aos 18 anos ainda não morreu. Bom, ao menos, terei papo para o analista.

domingo, 29 de novembro de 2009

Cinema político


Pois é. "Lula, o filho do Brasil" começa a aparecer. Com a pretensão de ser o novo "Dois filhos de Francisco", o filme conta a trajetória do nosso presidente pelo ponto de vista de sua mãe. Se ficou um típico filme de Fábio Barreto ("Bella Donna", "A paixão de Jacobina"), ainda não se sabe, embora já haja alguns comentários de que o diretor não perdeu seu toque autoral. Enfim...
Mas "Lula..." é a primeira cine-biografia de um político brasileiro em muito tempo. Uma tradição em outros países, como EUA, este tipo de filme no Brasil era restrito a documentários até agora. O último projeto do gênero no terreno da ficção foi, se não engano, "Indepedência ou Morte", com Tarcísio Meira como D. Pedro I, nos anos 70.
Bom... com Lula puxando o bonde, quais outros políticos poderemos ver representados nos próximos anos? Aqui vão algumas sugestões:

- CoLLor, o filho da (...) do Brasil: história do ex-presidente que veio para renovar o país, mas, devido a paranóia e acusações de abuso de poder, cai em desgraça.
Direção: José Padilha
Estrelando: Wagner Moura como Collor
Slogan: "Você sabe quem é esse homem. Mas tem raiva da sua história."

- Itamar, o mineirinho do Brasil: após a queda de seu patrão, um homem quieto precisa mostrar seu valor e reeguer um país à beira do colapso. Mas ele precisa lidar com seus demônios, representados na figura de uma bela mulher com pouco decoro, o nascimento de um filho inesperado, o Real, e seu amor por Fuscas.
Direção: Hélvecio Ratton
Estrelando: Flavio Migliaccio como Itamar
Slogan: "Você sabe quem é esse homem. Não sabe? Se lembra de 1995?"

- FHC, o passageiro do Brasil: um intelectual assume o controle de um país e decide que sua salvação está em na abertura de portos para o mundo. Mas estará vendendo a alma de sua nação ou a preparando para o futuro? Enquanto viaja pelo planeta em busca de respostas e empréstimos, luta para conseguir mais tempo (4 anos), se livrar da angústia da oposição e alcançar a redenção neo-liberal. O elenco já assinou para a sequencia.
Direção: Fernando Meirelles
Estrelando: Rodrigo Santoro como FHC (Warren Beatty, Jack Nicholson e Tom Hanks recusaram o papel) e Julianne Moore como Dona Ruth.
Slogan: "Você sabe qual foi o resultado das privatizações. Mas não conhece sua história."



Esta é uma pequena sátira sem intenção de desqualificar qualquer um dos envolvidos. Não me processem, sou jornalista e não tenho um centavo. A Primavera do Livros levou tudo!

Momento musical 1

O bom do Facebook ou qualquer ferramento de compartilhamento é se apropriar de descobertas alheias sem culpa e repassá-las. Assim, segue uma música bem legalzinha, que me remeteu aos tempos em que tocava Joy Division sem parar e me achava um gênio por ser atormentado... O que sobrou disso tudo foi o Joy Division. Enfim, para a apreciação:




Em algum lugar, um indie ainda assombra minha realidade...

sábado, 28 de novembro de 2009

Aviso aos navegantes 3

Só responderei aos comentários feitos a partir da presente data. Aos anteriores, agradeço do fundo do meu coração e sugiro esperem uma resposta sentados. De preferência, num bar ou num lugar com ar condicionado. É só chamar que eu vou!

Confissões 3


A Primavera dos Livros, no Museu da República, é um verdadeiro zoológico:

Editora Papagaio, Editora Girafa (acompanhada da Girafinha), Editora Capivara, Editora Barracuda, Editora Galo Branco, Réptil Editora, Panda Books, Bem-te-vi Produções Literárias e Eduerj ("Onde a Coruja pia").


O slogan "Onde a Coruja pia" é criação minha. Direitos reservados.

Em meio a isto, um calor desgraçado e os malditos patos tomando banho no laguinho!...

Sugeri a Landsberg a criação da Anta Editora: Mais revolucionária que o e-reader!

Alvorecer

Hoje, conversando com um amigo no almoço, pensamos: como seria "Crepúsculo" escrito por Phillip Roth? A trama a que chegamos é basicamente esta:

Em "Alvorecer do desejo", Judith Weinstein é uma jovem judia que se muda para o Brooklyn de 1950. Com desejos de se tornar uma escritora, ela se sente presa pelas tradições de sua família judia ortodoxa. Ela se isola do resto da comunidade, dividindo seu tempo entre seus textos, que mantém escondidos de seus pais, e masturbação. Ela se sente pressionada com a vontade de seus pais de casá-la com o filho do rabino, Jacob. De repente, uma família de refugiados do Leste Europeu se muda para seu prédio. Judith se sente fascinada pelos novos vizinhos, composta por artistas performáticos. Em particular, Edwin, um jovem escultor. Ela descobre que eles são, na verdade, vampiros e, pior, ciganos. Embora Judith deseje entrar para trupe e ser uma cigana e vampira, Edwin fica hesitante. Como membro de uma antiga ordem, ele não pode desonrar outras tradições milenares. No caso, morder o pescoço de Judith sem ela sentir dor. Por não se alimentar, Edwin sente os efeitos da decadência de seu corpo e reclama disso sem parar. Eles também precisam enfrentar o violento James, um americano com tendências neo-nazistas, e Jacob, que vira uma fera ao descobrir a paixão entre sua prometida e o recém-chegado. Enquanto isso, os personagens xingam Deus, a sociedade americana e a classe artística. A narrativa é recheada com românticas descrições fálicas, excitantes referências a Israel e delicadas descrições da lenta passagem para a outra vida.

Não percam a sequencia: Estrela nova


Em breve: "Crepúsculo" por Marguerite Duras. Nele, uma francesa e um estrangeiro vampiro se encontram e transam o tempo todo enquanto surgem suas diferenças culturais. Sem mordidas.


Dedicado a Mauro Siqueira, autor do livro "De vermes e outros animais rastejantes" (Ed. Multifoco).

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Imagens do horror 5 (episódio de hoje: "Prazer, sou a Vergonha Alheia. Não nos conhecemos de antes?")


Em outra amostra de que algumas pessoas estão mesmo sem nada para fazer (inclusive eu, acredito), mais celebridades com os quais eu não importaria normalmente se reuniram para fazer um novo ensaio fotográfico que não mudará o curso da humanidade, mas servirá para eles mostrarem para os amigos nas próximas orgias.
Enfim, a recente leva tem Sandy de Mulher-Gatinha (bonitinha, mas dá pra espantar pisando forte no chão), D2 de Quero-ser-George-Clinton-e-como-não-consigo-cadê-meu-Valium-produção?, Eliana de Marilyn Manson (surpreendentemente eficaz. Onde estarão os dedinhos se ela continuar nessa?), Jorge Ben Jor ou sei lá como ele se chama atualmente de George Washington (sic para tudo) e Junior como Jimi Hendrix. E mais uma vez, ele prova, mesmo travestido, a verdade calada sobre sua natureza. Junior continua Junior...

Me lembro até hoje de uma foto do Romário como James Bond.
...
Isso mesmo.
Não, Peixe. Sinto muito.

Vamú pulá fora dessa!

Se eu tivesse juízo (ou saco)...

... eu saltaria do táxi no primeiro espirro do motorista.

... não gosto nem de lembrar...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Coisas que não suporto 1


Algo me diz que esta será uma série longa...

Sou um carioca por criação. Gosto da cidade. É legal. Mas, como todas as coisas legais, pode ser incrivelmente irritante às vezes. Há momentos em que o Rio de Janeiro, com o providencial auxílio do calor, se assemelha a uma filial do inferno.

Exemplo do dia: ônibus (e estou me referindo apenas à Zona Sul).

- faça chuva, faça sol, os ônibus lotados invariavelmente são quentes, abafados e lentos. Muito lentos. Por que as pessoas não esperam o próximo a chegar (e a Zona Sul é bem abastecida neste aspecto) vai além da minha compreensão.

- vendedores ambulantes, como todos os mortais, precisam ganhar seu ordenado. Eles poderiam estar roubando, estar matando, mas preferiram fazer uma grana honesta. Excelente atitude, eu aplaudo. Devo, inclusive, meu fornecimento de amendoins com casca a eles. Mesmo assim, são um pé no saco. Se você é alguém que está cansado, precisa de um tempo para organizar seus pensamentos ou está preocupado com negócios pendentes, seu estado de instropecção é brutalmente interrompido por:

"BOA TARDE, SENHORAS E SENHORES PASSAGEIROS. DESCULPE ESTAR INCOMODANDO O SILÊNCIO DA SUA VIAGEM..."

Neste instante, o que surge à mente é:

"Desculpa o c@#$%¨&*! Se não quer incomodar o silêncio da viagem, cala a p*&¨%$ da boca, seu filho da p*&¨!"

E fico tão perturbado que só consigo prestar atenção à minha irritação. Exceto quanto meu estoque de amendoins com casca está no fim. Ou se eu quero um chocolate. Ou uma caneta. Quero dizer, se eles tivessem um centro de treinamento, onde pudessem formar um grupo de estudos acadêmicos dedicado a abordar os passageiros sem assustá-los ao mesmo tempo, seria muito bom. Mas talvez esteja sonhando.

- Imagina o seguinte: Você entra no ônibus quando ele ainda não alcançou os pontos de concentração. Há lugares vagos, você pode escolher o seu, parece agradável. Vamos supor mais uma vez que você decida se sentar mais à frente ou no meio. Aí, eles, um bando por vez, entram. Como a praga de gafanhatos, infestam o veículo por todo lado, levando a máxima do coração de mãe para a realidade do transporte público. Seu momento de deixar a lata de sardinhas motorizada se aproxima. Olha para cima. Olha para o lado. Ah, não... Mas é preciso fazê-lo, caso contrário, você não desce. Aí, você se espreme, usa força, os cotovelos, tudo, porque eles não se movem (não conseguem!) e, a cada passo errado, mais riscos de não saltar no local pretendido. Você se esfrega em todas pessoas que pode imaginar, principalmente naquelas em que não se esfregaria em outras circunstâncias. Você chega à traseira do ônibus, puxa a corda e se sente como a Sônia Braga em "A dama do lotação". Só que não há prazer. Nenhum.

- Dirigir por horas a fio deve ser um porre. Manter sua sanidade enquanto executa esta tarefa provavelmente faz do homem um forte. No entanto, nem todos conseguem. Até o momento, dividi os enlouquecidos em três categorias:

Há os "pilotos", aqueles que parecem estar loucos para chegar ao grid do ponto final, correm nas congestionadas e tensas vias como se estivessem em Intergalos e acreditam que Galvão Bueno com prancheta na mão e camisa azul os recepcionará.

Também há os mais "baianos". O dia está lindo, outros ônibus da mesma linha estão fazendo a coleta de passageiros, para que a pressa... e param numa esquina, fazendo hora enquanto você se desespera porque, ao contrário do motorista, tem um compromisso marcado. É uma maldição que parece afetar bastante o 474.

E, finalmente, encontramos os "conversadores". Esta espécie é um primo do vendedor ambulante, mas pior, porque esse, eventualmente, salta. O motorista "conversador" fica com você até o final da sua viagem. O ônibus é barulhento e o cara quer ser ouvido. Então, ele faz mais barulho que o ônibus. Ele grita sobre os mais variados e, geralmente, desinteressantes assuntos para o colega trocador ou algum amigo que pegou em dado momento do trajeto. Quando o sinal fecha e, por um golpe do distante, um camarada motorista para sua colorida condução ao lado da dele, ambos abrem a janela e fazem um coro para os passageiros de ambos os transportes. Às vezes, o trocador também tem um opinião e vira um terceto. Ou o trocador do outro lado igualmente deseja se expressar e temos um quarteto. Poderia ser uma ópera bufa mal escrita se não fosse trágico. E o passageiro, vítima do espétaculo, começa a pensar se deveria pegar o dinheiro do ingresso (valor mínimo de R$ 2,20) de volta...


Posso reclamar bastante, mas gosto de ônibus. Até porque há coisas piores. Como a linha 2 do metrô.

Imagens do horror 1 (referente ao post "Coisas que não suporto 1")

"Abandonai toda esperança, vós que aqui entrais."

Imagens do horror 2 (referente ao post "Coisas que não suporto 1")

"Eu não peço desculpa. E nem peço perdão..."

Imagens do horror 3 (referente ao post "Coisas que não suporto 1")

"É uma sacola que você está carregando ou você só está feliz em me ver?"

Imagens do horror 4 (referente ao post "Coisas que não suporto 1")

"Não tem nenhuma bomba neste ônibus. É que eu preciso usar o banheiro urgente!"

Zenas kariokas 1


Muito bem. Estou no ônibus 570. Sem ar condicionado. Lotado. Do lado de fora, chove. Janelas fechadas. Sem ar condicionado. Abafado. Neste ambiente, os passageiros, sem saída, conversam.


Primeira situação:

Um senhor carregado de sacolas entra, forçando seu caminho até a traseira do ônibus. Parece sem fôlego.
- Abra as janelas. Tudo fechado... vai espalhar HIV...
A garota atrás de mim pergunta para a amiga:
- HIV se pega pelo ar? Não sabia.

Vivendo e aprendendo.

Segunda situação:

Dois amigos, mais à frente no ônibus, batem papo:
- ... sabe aquele com a caveira?
- Édipo?
- Isso! Édipo!

Ser ou não ser? Não ser.

Terceira situação:

Uma mulher de meia idade, usando sandálias (é impressionante a quantidade de pessoas que estão de sandálias na chuva...), pede para saltar e se posiciona na saída. O motorista para e, logo abaixo, uma imensa poça escura encara.
- Moço, pode ir mais pra frente, que aqui tem uma poça enorme?
O motorista atende o pedido e para de novo uns poucos metros adiante. Em frente à porta, um imenso carro preto bloqueia a passagem.
- É, acho que aqui não é melhor não...

Esse comentário foi meu. Mas outra alma espirituosa me ouviu. E fez sua tréplica.
- Vai saltar como? Por cima do carro?

Fingi que não era comigo e fiquei quieto.

Quarta situação:

As garotas atrás de mim (as mesmas sobre a mutação do HIV) notam que a chuva deu uma trégua:
- Gente, parou de chover. Por que não abrem as janelas?
- É. Quer ir pra sauna, vai pro clube.

Eu abri minha janela.
Sou como Groucho Marx nesse sentido, não pertenço a nenhum clube que me aceita como sócio.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Rio de Janeiro, cidade que me seduz


Pego o "Fama e Anonimato", do Gay Talese, a edição da Companhia das Letras. Não o lia desde a Flip 2009. Enfim, abro num trecho onde repousava o marcador, entre as páginas 52 e 53, e isto é o que surge:

... comentam o calor usando a frase habitual: "Que calorão, hein?".
"Que calorão, hein?"
"É mesmo."
"Que calorão, hein?"
"É..."
"Que calorão, hein?"
"Sí."
"An-ham."
"É."
"É."
"É."
E por aí vai, dia após dia em Nova York; as pessoas só têm uma coisa a dizer umas às outras.


Gay Talese, mostrando que sua força ultrapassa o território jornalístico e alcança o sobrenatural, segue com mais provas de seus poderes premonitórios:

Aconteceu uma coisa inesperada às 14h49 (...), numa grande área de Manhattan: faltou luz e, em muitos bairros, a escuridão cobriu tudo, os relógios pararam, a cerveja esquentou, a manteiga amoleceu e as pessoas ficaram conversando agradavelmente à luz de velas em salas sem televisão.

Bom, talvez nem tão agradavelmente, já que soube que a falta de ar condicionado deixou algumas pessoas com os nervos a flor da pele...

Que conclusões tiramos?

Primeira, Gay "Nostradamus" Talese é mesmo uma mente brilhante. Até na alusão à Manhattan (Ipanema e Leblon não seriam a versões cariocas? Os moradores de lá, pelo menos, gostam de pensar assim.), ele acertou.

Segunda, finalmente o carioca pode assumir seu lado cosmopolita. Talese prova que o Rio de Janeiro do século 21 pode ser comparado sem problemas com Nova York... em 1959. Acho que Landsberg vai gostar de saber disso.

* * *

Crédito a quem merece: imagem do blog de Felipe Machado no Estadão (blog.estadao.com.br/blog/media/taleseblog.jpg)

Confissões 2

Tony Soprano não morreu.

Ele está num programa de proteção à testemunha no Grajaú!

Dicas 1

Não importa o que aconteça, nunca, nunca deixe de pedir os 10 centavos de troco para o taxista. Acredite, ele tem!

Cosmopolita 2

Ser brasileiro é beber champanhe em lançamento de livro de ficção escrito por sambista, com a roda tocando, na Livraria Argumento do Leblon.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Confissões 1

Recentemente, li "O segundo sexo" de Simone de Beauvoir.

Ainda não entendo as mulheres.

Cosmopolita 1

Nada mais brasileiro do que beber um café no Armazém do Café, no Leblon, em frente à Praça Cazuza, lendo o "The New York Review of Books".

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A tela branca



A tela branca pergunta: O que você vai fazer agora? Olho para a janela e vejo uma paisagem de possibilidades. Talvez não haja mais nada opressor do que isso. A grande angústia deste começo de século é esta. Antigamente, a questão era o que estamos fazendo. Hoje é o que podemos fazer. Tenho a sensação crescente que a dúvida seguinte será o que deveríamos estar fazendo. O problema está no timing. Será tarde demais quando olharmos para nossas escolhas e notarmos que há algo errado com elas? A tela branca sorri e desafia: decifra-te ou devore-te. Enquanto isso, ficamos no meio, aguardando. Sempre com o mesmo pensamento vago: vai chegar hora em que tudo fará sentido.


Novo texto em Caneta, Lente, Pincel

Still do filme Histórias Extraordinárias. A imagem que ilustra a apresentação deste blog veio da mesma fonte.


Os tempos estão mudando como um filme em slow motion e cortes abruptos.

sábado, 17 de outubro de 2009

Devastação

Ontem, entrando no Kibeloco, esbarrei num vídeo do Youtube. No caso, era um breve crossover entre os clássicos da Sega, "Donkey Kong" e "Mortal Kombat" (os quais joguei avidamente nos distantes anos 90...). Curioso, descobri que o imaginativo internauta tinha feitos outros mashups. Três, para ser exato. Um muito bom era Sonic com Pac Man. Mas meu favorito foi outro. Aviso que não é indicado para os ecologicamente sensíveis ou aqueles que não curtem uma piada infame de vez em quando:



Adoro sangue e comédia. Quando os dois se juntam, é batata!


Não sei quanto a vocês, mas me lembrei dos primeiros episódios de "South Park". As caçadas de Tio Jimbo e Ned que, para matar quantos animais quisessem, gritavam:
"Está vindo em nossa direção.", simulando autodefesa.
Aí, eles acabavam com a fauna da maneira mais sanguinolenta possível. Posteriormente, uma lei foi aprovada, banindo este mecanismo. Jimbo e Ned, no entanto, encontraram uma nova justificativa para saciar sua sede por fazer animais diversos em pedaços: "Estamos mantendo o controle populacional" ou algo assim. Hilário. Talvez eles devam ir para os Everglades.


Em breve... variedades

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Give it up for love...

Por que nos deixar levar pelo amor se esse sempre nos deixa?...

A imagem é de uma interessante série americana de 2008, "Swingtown". A trama é sobre três casais de vizinhos e se passa durante a metade dos anos 70, quando uma revolução comportamental ocorreu. Especificamente, o papel da mulher da sociedade, o surgimento do pop, questionamentos políticos e as liberdades de expressão e sexual (daí, o título). Exibida pela rede CBS, durou apenas uma temporada. Uma pena. Acredito que se tivesse ido para uma rede privada (uma HBO, Showtime ou AMC da vida...), estaria no ar até hoje. Por outro lado, talvez não. Veja o que houve com "Deadwood"...

Mas não é sobre "Swingtown" que desejo tratar. Fica a dica, no entanto.

Em minhas incessantes horas em frente ao computador, encontrei um texto que utilizava esta mesma foto: "I'm Feelin' Sexy but Monogamy is Killin' It" . No post, a autora discorria sobre o desejo por aventuras fora de seu relacionamento. Apesar de se dizer feliz com o marido, ela sente impulsos sexuais e discorre sobre o papel da monogamia. Ela, inclusive, cita um estudo sobre a fidelidade entre mamíferos. Em particular, destaco este trecho:


"Sexual monogamy is the practice of having sex only with one mate at a time. Social monogamy is when animals form pairs to mate and raise offspring but still have flings—or "extra-pair copulations" in science lingo—on the side"

Talvez a saída seja essa? Não acho. Afinal, controlar impulsos é o que nos separa dos animais. Mas há uma razão em questionar a função da fidelidade quando a "monogamia social" parece ser uma palavra de ordem. Por mais felizes que estejamos com nossa "cara metade", o desejo sempre vai existir. Mas o que fazemos com ele? Ouvimos seu chamado? Isso não é necessariamente trair alguém. Pode-se terminar o relacionamento (me vem à mente a expressão mais infame da face da Terra: "Tá na hora de procurar coisas novas."), recorrer a formas auto-satisfatórias ou até negociar com a outra pessoa. O mais normal e aceito é reconhecer isso para si mesmo, esquecer e seguir em frente.

O que me pergunto é o seguinte: aceitando o conceito de monogamia como dependente de nossa consciência e que não há de errado com reconhecimento do desejo, qual é o fator que está por trás disso? O que faz este desejo tão forte em nós? Eu não tenho uma resposta. Nem sei como poderia... Suspeito que esteja ligado à eterna insatisfação humana. Por mais que tenhamos realizado conquistas consideráveis, que, talvez, nossas existências não sejam tão "miseráveis" quanto fantasiamos, não acreditamos na segurança. A vida mostra de forma bem cruel como tudo o que parece ser para sempre pode lhe ser tirado da noite para dia. Há pessoas que se dedicam à auto-sabotagem para evitar uma decepção maior do outro. "Melhor eu acabar com isso tudo antes que ela/ele, porque, pelo menos, terei algum controle." Por não ter resposta: faço mais uma pergunta: Por que não podemos ser felizes com o que temos? Não sei porque gratidão e conformismo precisem andar de mãos dadas. São coisas diferentes. Procure num dicionário.

Algo me diz que voltarei a comentar este tópico em outro texto. Até lá, então.


Curiosidade: a música tema de "Swingtown", Give it up for love, foi composta especialmente para série por Liz Phair. A ideia era da canção sair no cd com a (excelente) trilha da série. Infelizmente, o final prematuro de "Swingtown" impediu isso. Se alguém souber como adquirir esta música (ou se o cd saiu mesmo, pois não procurei esta informação atentamente), por favor, avise. Obrigado, DRR

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Aviso aos navegantes 2

No site "Almanaque Virtual", estão duas novas análises de livros minhas. Os livros em questão são "O guia de sobrevivência aos zumbis" de Max Brooks e "O contorno do sol" por Natália Nami. Leia a respeito aqui e aqui!

Enquanto isso, no mesmo site, saiu uma avaliação do livro no qual participei como autor, "Clube da leitura: modo de usar, vol. I"! Leia aqui!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cindy


Cindy está sentada no meio fio da calçada. O dia surge no horizonte e não há mais clientes à vista. Ela resolve dar um mergulho na mar. Apesar de estar numa cidade litorânea há quase um ano, nunca tinha ido à praia. Ela tira seus sapatos de cristal e anda até a praia.
Ela fecha os olhos e relembra sua trajetória. Há muitos anos atrás, ela não estava numa situação melhor do que esta. Vivia com a madrasta e as filhas dela. Trabalhava dia e noite na faxina da casa, sem receber salário. Dormia na dispensa. Assim, para conseguir algum dinheiro, saía às escondidas à noite e fazia ponto numa viela no centro do Reino Encantado.
Um dia, quando comprava um cigarro a varejo na banca de jornal que ficava perto do seu trabalho noturno, notou a capa de uma revista de celebridades. O Príncipe Encantado, um dos solteiros mais cobiçados da cidade, estava dando um baile para a alta sociedade. Imediatamente, Cindy percebeu o potencial daquele evento. Com a ajuda de amigos da noite, se vestiu e penetrou na festa.
Sua história ficou conhecida. Garota pobre e batalhadora se casa com o herdeiro do trono. Cindy adorou a nova fama e o Príncipe até que não era mal quando se tratava de satisfazê-la. No entanto, os ratos queriam uma parte da grana que Cindy agora possuía e a chantagearam com fotos de seus tempos na zona. Sem saída, fugiu para o litoral, levando todo o dinheiro da família real.
Após gastar tudo em três meses, Cindy voltou às ruas. Embora às vezes fique com saudades de seu tempo de princesa, não se arrepende. Embora divida uma quitinete com outras três meninas, tem um cantinho que pode chamar de seu. Também pode mergulhar no mar quando quiser. Ela sempre quis fazer isso quando morava em Reino Encantado. E ainda conservou seus sapatos de cristal!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Aviso aos navegantes 1

O blog "Caneta, lente e pincel" acabou de publicar um texto meu, o conto "Vermelho". Além do história, há uma bela ilustração de Maria Matina, que me inspirou na construção da trama. Passem por lá e, claro, comentários são mais que bem vindos.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Fusão

A chuva cai. O sangue escorre gelado dos dedos. Um último suspiro se perde na força do vento.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Em defesa de Danilo Gentili


Não acho que Danilo Gentili foi racista. É isso. Antes que alguém surja falando que eu e Ali Kamel somos os únicos que não acreditam em preconceito de raça no Brasil, respondo. Racismo é real e desprezível. Toda e qualquer manifestação que sirva para desmoralizar uma pessoa ou entidade devido a cor da pele, opção sexual, religião, ... deve ser julgada de acordo com o rigor do insulto e punida. É simples. Espero todos possamos concordar neste ponto. Agora, voltemos ao “repórter inexperiente”.
Para aqueles que não sabem, o humorista do CQC teria feito uma piada supostamente racista. Na madrugada de sábado para domingo, dia 25, Gentili escreveu em seu perfil no twitter:
“King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loura. Quem ele pensa que é? Jogador de futebol?”
Até o momento, a mensagem foi encaminhada para o procurado do Ministério Público Federal em São Paulo e a ONG Afrobras planeja lançar uma carta de repúdio ao ato e avalia se entrará com uma representação criminal. Até o Hélio de La Peña entrou na história, condenando o comentário.
(http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u601611.shtml)
A reação não surpreende. Numa época que privilegia o imediatismo no lugar de uma reflexão sobre atos e em que há uma confusão entre má-fé e incompreensão, é necessário ter muito cuidado. O problema não é necessariamente o que se escreve, mas a forma como se o faz. A piada do Gentili é um exemplo perfeito. O silogismo que as entidades ofendidas realizaram é evidente.
“Macaco” é um termo pejorativo para negros. “Jogador de futebol”, muitos são negros. Logo, os negros são “macacos”.
Nem todo negro é jogador de futebol e vice-versa. Petkovic, que retornou ao Flamengo, é sérvio. Kaká, considerado um dos melhores do mundo, é branco e filho de pais ricos. Tudo bem, são exemplos extremos, mas servem para simbolizar que o futebol não é necessariamente ligado à raça. Há uma conexão forte com o fator social, pois muitos vieram de famílias de poucos recursos. Ainda assim, a ideia de imediatamente ligar a imagem de um jogador de futebol a uma pessoa negra é limitada, para não dizer perigosa. É ignorar que a vasta população de renda baixa no Brasil não consiste apenas de um grupo ligado pela cor, mas por uma condição social. A pobreza no Brasil tem muitas origens. Logo, partindo de outro silogismo, afirmar que jogador de futebol é negro, aceitando o fato de que esses vieram de locais mais humildes, seria dizer que todo negro é pobre. Ou seja, uma conclusão burra e igualmente racista.
A questão toda reside na palavra “macaco”. Esta expressão é umas das marcas mais fortes do racismo. Logo, qualquer coisa, mesmo que não intencional, que ligue negros ao insulto provoca alvoroço. E com razão! Deve ser combatido. Mas tudo dentro da razão, evitando uma caça às bruxas.
King Kong é um gorila. Um macaco; animal. Inegável. No filme, ele mantém uma relação quase amorosa com uma atriz loura, a que pega como refém quando se torna uma atração na cidade. Quanto aos jogadores famosos e suas louras... Brancos ou negros, a associação entre os atletas e mulheres voluptuosas e de cabelos dourados (naturalmente ou não) faz parte do folclore envolvendo o esporte. Deu origem à expressão “Maria Chuteira”. Basta lembrar das Ronaldinhas, ex-amantes do camisa 9 do Corinthians que fizeram fama por terem saído com ele. Elas, por sinal, eram louras. Embora ainda não haja um estudo comprovando o fascínio de jogadores de futebol por louras, é quase senso comum aceitar estas relações com um fato. Será que Gentili não estaria comparando a trajetória do Rei da Ilha da Caveira com esta curiosidade da cultura futebolística ou estaria simplesmente chamando negros de macacos?
Não conheço Danilo Gentili pessoalmente. Talvez ele seja o racista que está sendo pintado. No entanto, o sujeito é humorista e trabalha num dos programas mais populares na televisão aberta. Ou seja, o mínimo de inteligência, cultura e bom senso ele deve ter. Alguém que vive de brincar com convenções sociais e visado pela mídia não cometeria um erro tão estúpido. O fato de ele se recusar a apagar o que disse e querer se justificar com quem tenha se sentido ofendido é outra prova para mim de que as intenções aqui foram outras, nada envolvendo ofensas raciais.
O mais grave nesta história é que enquanto todos se levantam contra uma fala inofensiva tirada do contexto, o preconceito real é deixado de lado. Enquanto índios, nordestinos e homossexuais são espancados e queimados, idosos desrespeitados por companhias de ônibus e negros ainda são associados a pobreza e criminalidade, a sociedade dorme tranquila. São os fatos da vida. O politicamente correto funciona como uma cortina de fumaça para problemas sociais fortes. Para que investir em educação quando podemos enterrar nossas cabeças na terra? Para que procurar punições mais severas para estes crimes se o sistema judiciário não é igual para todos? São perguntas antigas e com um resquício de ingenuidade, mas que possuem uma verdade inquestionável: quando deixamos de ouvir os outros e passamos a gritar, como forma de não escutar os gemidos de dor que nos cercam cada vez lemos os jornais ou saímos na rua?...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Combinação

Foi: 1, 2, 3, 4, 5.

... mas o do meio caiu primeiro.

Primeira vez

“Já fez isso antes?”

“Não.”

“Quer tirar a mordaça?”

“... se gritar?...”

“A gente grita também.”

Branco

O escritor caminha.
Vai de lado para o outro não chega a lugar nenhum.


Derrama sangue.

O jornal publicou uma nota.

Cheiro

O mendigo estava deitado. Gozado.
Minha irmã ganhou aposta.
Não gostei.
Devo R$ 100.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sacos de lixo e alicate

Meu bem...


... o que foi que nós fizemos?...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Relaxe

Lábios entreabertos...

O que você quer me dizer?...

...

Derrota

Costelas partidas, sangue nas mãos, punhos cerrados.
Ninguém foi punido.

No escuro

Entrei na cabine com as putas e pensei em meu pai. Ele me dizia para ser gentil com as pessoas.

Luz apagou.

Desculpa.

Com o tempo, se esquece...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Ciência e arte de chegar em alguém


Muito bem, nesta imagem bucólica acima, passemos para a autozoação (acredito que seja junto agora. Ah, o Acordo Ortográfico...). A pergunta que não quer calar: “Que raios estou falando para a garota do meu lado?” Abaixo, algumas opções:

“Oi, eu sou um pseudo-intelectual solteiro e excitado. Eu vou usar toda a minha habilidade verbal para ver se consigo seduzir sua mente antes que você caia no sono.”

“Não fazem mais sapatos deste tamanho.”

“... é por isso que nunca mais entro num banheiro público!”

“Então, eu peguei um peixe assim ó!”

“Quer saber o tamanho do meu ego?”

“Quer saber o tamanho do meu ego?” (piscadela.)

“Quando você boceja, sua boca fica assim.”

“O fator de elasticidade do plástico perfeito só não é maior do que meu poder de enrolação.”

“Como o Ronaldo não sabia que eram travestis?” (Essa é velha, mas não resisti.)

“Eu poderia ser simples e direto e falar que tou a fim de você, mas prefiro me alongar até que nós dois esqueçamos o que viemos fazer aqui.”

“Esse é o problema que enfrento quando acordo.”

“O que você quer dizer com que cada minuto comigo parece se alongar tudo isso?”

“O banheiro da casa é apertado, mas a gente dá um jeito.”

“Eu gostaria de comer um bolo de chocolate assim!”

“Eu posso ser chato, mas tenho outras qualidades.” (Outra piscadela.)

“Olha a bunda daquela...!”

“Ah, eu simplesmente não sei!”
O que teria ela respondido?...


sábado, 10 de janeiro de 2009

Sábado à noite, um (a) parte


É noite de sábado. Lua cheia, cercada por nuvens teimosas, que a tapam e a liberam conforme seu prazer. Ao longe, no outro do quarteirão, há uma festa. Música de boate. Gostosa, pop, fácil. Não é um lugar para causar impressões, ser perspicaz ou arrumar um trabalho. É uma celebração da futilidade. Bebida, risos e uma oferenda aos deuses do esquecimento. É um lugar para viver em seu sentido puro. Apenas sentir. Dançar, beijar e, provavelmente vomitar. Onde profissionais liberais jovens, estudantes ou apenas desocupados vão e se reproduzem. Eles só querem pular e curtir. Estão mais vivos que seus vizinhos que reclamam do barulho ou daqueles que não conseguem deixar de pensar em si mesmos por um minuto. Não há pena; foi substituída pela cumplicidade. Querem uma garota bonitinha e cara gato. Talvez até os dois... O que importa é provocar artificialmente felicidade, de modo que ela surja pura. São traficantes que distribuem de graça seu produto. Abrem a porta com a promessa de uma boa noite, desde que esteja no clima de sorrir e ser a melhor imagem que possa vender. Complexidade não foi convidada. É o réveillon de um fim de semana qualquer.
À distância, escuto a música (e algumas buzinas). Imagino o que deva estar acontecendo por lá. Timidamente sorrio; em espírito, estou lá. Um copo na mão, uma piada na ponta da língua e um papo sobre o relevante do momento. Não o dos jornais, me refiro, mas o das festas. Lá, morrer não é permitido. No dia seguinte, você está por conta própria, meu irmão, seu problema. Mas, agora, viva e sinta que há uma razão. Pode não ser convincente sob uma análise profunda, mas isso não é nada. A noite está linda, o bar cheio e o pessoal em sintonia. Vamos dançar até o dia raiar.