quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Rio de Janeiro, cidade que me seduz


Pego o "Fama e Anonimato", do Gay Talese, a edição da Companhia das Letras. Não o lia desde a Flip 2009. Enfim, abro num trecho onde repousava o marcador, entre as páginas 52 e 53, e isto é o que surge:

... comentam o calor usando a frase habitual: "Que calorão, hein?".
"Que calorão, hein?"
"É mesmo."
"Que calorão, hein?"
"É..."
"Que calorão, hein?"
"Sí."
"An-ham."
"É."
"É."
"É."
E por aí vai, dia após dia em Nova York; as pessoas só têm uma coisa a dizer umas às outras.


Gay Talese, mostrando que sua força ultrapassa o território jornalístico e alcança o sobrenatural, segue com mais provas de seus poderes premonitórios:

Aconteceu uma coisa inesperada às 14h49 (...), numa grande área de Manhattan: faltou luz e, em muitos bairros, a escuridão cobriu tudo, os relógios pararam, a cerveja esquentou, a manteiga amoleceu e as pessoas ficaram conversando agradavelmente à luz de velas em salas sem televisão.

Bom, talvez nem tão agradavelmente, já que soube que a falta de ar condicionado deixou algumas pessoas com os nervos a flor da pele...

Que conclusões tiramos?

Primeira, Gay "Nostradamus" Talese é mesmo uma mente brilhante. Até na alusão à Manhattan (Ipanema e Leblon não seriam a versões cariocas? Os moradores de lá, pelo menos, gostam de pensar assim.), ele acertou.

Segunda, finalmente o carioca pode assumir seu lado cosmopolita. Talese prova que o Rio de Janeiro do século 21 pode ser comparado sem problemas com Nova York... em 1959. Acho que Landsberg vai gostar de saber disso.

* * *

Crédito a quem merece: imagem do blog de Felipe Machado no Estadão (blog.estadao.com.br/blog/media/taleseblog.jpg)

2 comentários:

  1. Dizem que só mad dogs and englishmen aguentam a canícula que é Londres no verão. Esqueceram os cariocas, que celebram a chegada do Rio 43 graus. E aposto que tem gente adorando os apagões aqui na Zona Sul. É tão romântico jantar à luz de velas... Vou me mudar para a Finlândia. Abração.

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  2. Então a idéia é ir para NY agora e voltar daqui a cinqüenta anos para ver se o Rio já chegou a 2009. Sounds good.

    Ronaldo, se eu for para a Dinamarca nos encontramos no meio do caminho para tomar um vinho (já que caipivodca vai ser difícil)!

    Beijos,
    a Landsberg

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