domingo, 15 de janeiro de 2012

Minha Copacabana

Esta ligeira crônica foi escrita para aula no curso de pós-graduação em Jornalismo Cultural na UERJ em 19/04/10. Fiz poucas alterações; as principais sendo o título (originalmente era "Copacabana vive") e uma menção a meus hábitos como fumante (em pausa desde 14 de outubro de 2011).



Copacabana nunca morrerá. Ela ostenta as marcas do tempo, como uma senhora de vida bem vivida, em que cores e cavidades do rosto e corpo denunciam um espírito que se recusa a ceder diante das adversidades. Para Rubem Braga, uma Atlântida tropical, um fantasioso museu aquático de tempos babilônios. Tempos?
Toda noite, vou à janela. Acendo um cigarro e me debruço no peitoril, a atmosfera de bicho inquieto me dominando suavemente como as ondas que arrebentam a poucos metros do prédio. Uma engrenagem de máquina não bem azeitada, mas funcional.
Nos prédios vizinhos, algumas luzes acesas servem de palco para siluetas insones, teatro de sombras! Além do mar; perto, carros de polícia, gatos fornicando, "Mengo!", fogos de artifício e músicas variadas enchem meus ouvidos. Cheiros de comida, lixo, queimado e adocicados xampus.
A mente caminha para mais longe. Sabe que, logo abaixo, nas ruas, a vida segue em todas as suas manifestações. Copacabana respira com o apetite de um rebelde.

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